sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A difícil arte de admitir o fim de um relacionamento e seguir.



Num belo momento percebemos que não sobrou mais alternativa alguma. Todas as esperanças se esgotaram. Os telefonemas doloridos, as mensagens cuidadosamente compostas, encontros aleatórios forjados e demais rituais do pós-término simplesmente cessaram. Diante de nós um passado cada vez mais distante e uma estrada a se percorrer. Assustadoramente promissora.Quando nos pegamos de frente para a necessidade de seguir, temos a ilusão de parecer mais fácil permanecer parado, esperando por um milagre. Nos seguramos a qualquer pequena certeza que possa trazer a mínima expectativa de tê-la de volta.Vasculhamos emails, procuramos por fotos em redes sociais, forçamos caminhos, vamos aos mesmos lugares para gerar novamente “coincidências” que tornem possível um reencontro. Tudo porque queremos, desesperadamente, estar errados e ver que aqueles filmes que assistíamos juntos falavam a verdade.Os dias vão correndo, a eles juntam-se semanas, meses e em alguns casos extremos, até anos. Tudo depende de uma escolha pessoal, simples e objetiva. Pegar a estrada e avançar.

Entramos em uma espécie de limbo emocional, ao tentar recuperar condições que não mais existem. Deixamos de abrir espaço para que novas oportunidades floresçam, mesmo sabendo ser inviável o retorno ao passado. Insistimos em bater com a cabeça na parede, atacando nossa mente com perguntas sem resposta, forçando sentido numa busca para ter quem desejamos. Porém, esquecemos que, na realidade, tudo o que queremos é cessar o sofrimento – só que tentamos por meios equivocados.Permanecer preso a um relacionamento, por mais insensato que possa parecer, é um mecanismo de busca pela felicidade por meio da fuga. Fuga do sofrimento que acabará apenas movendo a engrenagem, gerando um pouco mais dor.Por acreditarmos num ideal de felicidade eterna, seguimos repetindo erros, tapando buracos, administrando dor e confusão em pequenas doses semanais. Ficamos dentro da prisão sob a condição de poder aprisionar o outro também. Tentamos evitar que a felicidade escorregue pelos dedos, num processo obsessivo-compulsivo. Somos ingênuos a ponto de acreditar que basta resgatar determinadas condições para cessar a dor.Claro, parece muito lógico. Se antes eu estava feliz e agora que ela me deixou eu sofro, evidentemente, se conseguir reestabelecer a relação, voltarei a ser feliz. O problema que a lógica deixa escapar é o fato de que tudo, invariavelmente, muda. Mesmo trazendo a pessoa de volta ao seu convívio, a bomba permanecerá ali, tiquetaqueando, esperando uma oscilação para explodir novamente.Não adianta ficar parado, remoendo dores do passado, imaginando que isso o impedirá de viver novas dores no futuro.

Luciano Ribeiro