quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Com Camisinha ?

Ela aceita o jantar e mesmo depois de anos nunca consegue entender como foi parar de pernas para o alto na cama dele.Ele também: agora, suado, sem roupa, mantém a mesma calma que o acompanhou no restaurante. Durante toda a conversa,ele não parou de conduzi-la,atravessá-la,penetrá-la.Quando colocou a camisinha,não foi diferente.

Aliás, o uso de preservativos talvez seja o principal responsável por acreditarmos que o sexo tenha um começo e um fim:

“O mais extraordinário instrumento de controle sobre a vida sexual foi produzido pela Aids, e isso é uma coisa que se fala muito raramente. Tudo bem, camisinha é legal e obrigatório, por mais que o Papa ache que não. O problema é que a maneira de transar mudou completamente. Com camisinha, primeiro você tem que ter uma ereção, depois coloca, depois penetra, depois tem que ficar até gozar, depois tira e joga fora e aí acabou e cada um vai tomar banho. Mas antes disso transar era ficar ali por 20 minutos, pára, bate um papo, toma um café, se beija, se chupa, explora… era uma dinâmica completamente diferente. A relação com o corpo do outro era completamente diferente. As relações sexuais se tornaram caretas e pragmáticas.”

É por isso que atualmente os bons amantes, quando não abandonam a camisinha de vez, gastam três, quatro, cinco camisinhas por noite de sexo. Uma massagem, alguns beijos, uma sessão de penetração, água, mais alguns toques, os dois se chupam, outra sessão de penetração, mais água, um breve cochilo, damascos, mais penetração… E as embalagens de camisinha vão se espalhando pelo chão.

O sexo acaba quando paramos por um copo de água? Damascos tem o poder de interromper o coito? Massagem é preliminar? Mas e se eu uso uma extensão do meu corpo para massagear dentro do corpo dela? “Não faça sexo sem camisinha”, dizem algumas campanhas. Como não? Quem falou que o sexo se reduz à penetração?

Gustavo Gitti