É lógico que eu amo e constantemente vejo-me hipnotizado por
essa dádiva nacional chamada bunda. Arrisco até dizer que sou faixa preta na
arte de apreciá-las com discrição e sem óculos escuros, mas essas obras de arte
rebolantes precisam de muito mais do que duas bandas e um orifício proibido
para construir e perpetuar algo chamado relacionamento – pelo menos para os
homens que encaram esse tipo de laço como parceria de evolução contínua e uma
oportunidade de aprendizado mútuo, em vez de encará-lo apenas como uma maneira
rápida e prática de saciar o apetite sexual.
Os homens amam peitos e bundas, mas
a estética sozinha não sustenta nem uma conversa de boteco que se estenda por
mais de uma hora. Não é novidade que os homens são seres de extremo apelo
sexual e potencialmente cegos pelo tesão, mas isso não significa que gostamos
de passar horas e horas fingindo interesse e sorrindo diante do papo broxante
das mulheres fúteis e ocas, apenas para no fim da noite enfim calá-las com um
boquete mordaça que deveria durar anos de silêncio. Nem a acéfala cabeça roxa
de nosso pau merece passar uma noite toda escutando os nomes de todos os tons
de esmalte existentes na galáxia.
Não estou dizendo que toda mulher precisa ter um Q.I igual ao
do Einstein para ser boa companhia ou que o casal, para divertir-se, precisa
resolver equações de física quântica enquanto espera a pizza chegar. Não é nada
disso, apenas valorizo muito o poder que algumas mulheres têm de nos fazer
desejar que a conversa nunca acabe, gerando uma vontade súbita de matar o
garçom quando este vem à mesa avisar que o bar já está fechando. Tudo isso
porque às vezes só queremos continuar ali, ouvindo o que ela tem a dizer e
agradecendo por esse papo de fluência natural e diferente de muitos outros que
escutamos com a cabeça nas nuvens, contando os segundos para fechar a conta e
abrir o mecanismo do sutiã dela.
Essa vontade de prolongar a conversa
entre doses e porções de batata frita não quer dizer que não estejamos morrendo
de tesão por ela e loucos para rasgar-lhe a calcinha em plena praça pública,
afinal, a testosterona nunca deixará de correr em nossas veias. No entanto,
mulheres inteligentes, interessantes e cativantes com toda certeza fazem os
meios enaltecerem os fins, nos fazendo desejar noites com maior número de
horas, pois mesmo o casal mais ninfomaníaco do mundo precisa de uma boa
conversa enquanto espera o próximo round.
Agora me dêem licença, irei à livraria
para ver se encontro um ser dessa espécie feminina fantástica, pois na academia
eu cansei de conhecer mulheres deliciosas que me fizeram admirar a genialidade
e reconhecer o repertório vasto dos meus hamsters.