Seria pretensioso demais da minha parte
querer definir umas boas regras ou elaborar a construção do
funcionamento do amor, mas sempre me foi claro que amor é um sistema de
trocas voluntárias. Ninguém ama sozinho, ninguém é amado sozinho. A
falta de reciprocidade, pra mim, sempre configurou qualquer tipo de
relação, menos a que a gente chama de amor. Amor é construção e ainda
tem gente que se contenta com uns tijolinhos esquecidos na calçada pra
montar um barraco e achar que tá protegido. Engano nosso. Ao primeiro
sinal de tempestade a casa cai.
Aqui a gente dispensa os livros de
autoajuda e a explicação psicológica do fenômeno, mas tudo se resume em:
cacete, por que você não olha no espelho e percebe que você é um ser
humano que tem as suas qualidades e os seus defeitos e que ninguém pode
te desmerecer por isso? Você não precisa mudar seus modos, se matar numa
academia, alterar e condicionar seu padrão de vida por causa de uma
única pessoa que nem gosta de você. E aqui a gente encontra muitas
vertentes da mendicância amorosa: tem a amiga do “eu não vou achar coisa
melhor”, tem o amigo do “ela é demais pra mim e eu tenho que justificar
o porquê dela estar comigo”, aquela prima do “eu preciso de companhia
pra ser feliz” e por aí vai.
Não vejo sentido em correr atrás de
alguém e insistir em estar com uma pessoa que claramente não se encantou
por você. Tudo bem , existe a premissa da conquista e tudo mais. Mas se
você já tentou isso, qual é o sentido de sofrer por rejeição? O mundo
tem 8 bilhões de pessoas e uns quebrados por aí. Não é possível que a
pessoa da sua vida seja justamente quem não quer nada com você.
Por isso, peço à “Geração da Falta de
Amor Próprio” que entenda alguns pontos. Não vale a pena implorar pelo
amor de alguém se esse amor não é seu. Não é e pronto. Nada que você
faça vai fazer com que seja. Viver de migalhas é uma condição sub-humana
de vida. Mendigos não seriam mendigos se eles pudessem. Tente pensar
dessa forma. Gostar da própria companhia e encontrar valor nela não
precisa ser aquele clichê eterno de nunca dar o braço a torcer e dizer
que ama a solteirice e espalhar isso pelas redes sociais. Você pode
admitir que está carente, que sente falta de alguém, que seria legal ter
alguém do lado, mas nunca é bom fazer de alguém o seu porto seguro.
“Nenhuma pessoa é lugar de repouso”. Você vai sempre precisar mais de
você pra ser feliz do que de qualquer outro ser humano que encontre por
aí. Dito isso, considere celebrar a sua alegria consigo mesmo. Vale a
pena brindar sozinho e beber uma boa taça de vinho, mas inteira, cheia
até a borda. Você vai acabar entendendo a diferença entre amor de
verdade e uma ideia de amor servido em conta-gotas.
Daniel Oliveira