
Você não foi o primeiro e – espero que não seja o último – a bater essa porta, cara. Desculpe te dizer, mas você não é surpreendente. Nem muito menos, único. Você foi só mais um garoto com cabelo bagunçado e aspirante a poeta pelo qual me encantei. E só, entende?
Você volta a dizer quer ir. Diz que se cansou da minha TPM e da minha frieza ao responder tuas declarações em redes sociais. Fala mais meia dúzia de palavrões. Grita que vai embora, mas senta no sofá ao ver minha indiferença. Vai, cara! Lá fora, há várias menininhas-perfeitinhas-com-peitinhos-durinhos-e-que-fingem-sabem-gozar. Eu aposto que se você recitar algum desses teus textos românticos, elas cairão na tua lábia – quantas você quiser. Você quer liberdade? A porta está aberta. Na verdade, sempre esteve. Portas, janelas, telhados. Por onde quer que você prefira ir embora, vá!Então, você junta as tuas coisas que já estavam juntas. Dá umas voltas pelo quarto fingindo procurar mais alguma cueca ou chinelos ou relógios ou força de vontade para realmente ir embora. Engole qualquer tentativa de choro, num falso gesto de ego masculino e abre a porta lentamente. Mesmo de costas, eu consigo ver teus olhos fechados e teus ouvidos bem atentos, esperando qualquer ruído meu que soasse como um pedido para você ficar. Mas eu me calei faz tempo para tuas fugas infantis. Beijos. E não me liga.