sexta-feira, 22 de junho de 2018

Às vezes, o amor só pega no tranco.




Se eu tirar meu cavalinho da chuva, tudo vai ficar resolvido, afirmou para si enquanto montava na cabeça sua desistência. Se não tentasse não sofreria, se não arriscasse, não se queimaria, se deixasse tudo como estava, tudo seria como sempre foi. Respirou fundo, deixou sem perceber as sobrancelhas murcharem com o próprio desvalor. Mais uma vez, por querer tanto a ponto de não suportar uma negativa, deixaria de lado o próprio desejo em prol da normalidade. Seu estômago reclamou por isso e, para acalentá-lo, pegou mais uma bebida e esperou tudo se estabilizar e concluir que era hora da saideira.
Era a hora do tchau. Chamou o Uber como se encomendasse a própria morte, toneladas nos dedos digitando sua localização. Enquanto aguardava a confirmação do carro no aplicativo, viu que o outro não estava fazendo o mesmo, só olhava para a rua como se buscasse seus pensamentos. 
“Vem comigo que te dou carona”.