sexta-feira, 3 de junho de 2011

Hoje.


Ele: Hoje é quarta, tem aquela banda de salsa no Rey Castro. Vamos?
Ela: Não, hoje não vim preparada pra sair, to cansada, suja, imprestável… Amanhã?
Ele: Amanhã a banda é outra. Mas tudo bem, a gente vai semana que vem. Amanhã a gente vê um filme, então.

O problema é que ele não queria sair com ela amanhã. Seu corpo estava bombando hoje, seu desejo, sua potência, o brilho no olho. Muito a oferecer. A salsa, não o cinema. Hoje! Não amanhã, porra! Tem dias que surge uma potência que precisa ser oferecida, como se fosse um presente que vem junto com uma bomba relógio. Um vigor que que não pode acabar em masturbação, que vem junto com uma vontade de atravessar nossa mulher, tirá-la do chão, fazê-la sorrir com cada uma das células até relaxar completamente com os cílios roçando em nosso peito. E ainda dizem que homem não vincula sexo a amor… Aham.

Dizem também que homens pensam com a cabeça de baixo. Mentira. Se homens ouvissem mais o próprio pau, eles não aceitariam “Não”, eles não cederiam ao cansaço – que era o verdadeiro interlocutor no lugar da mulher. O pau é preciso, insistente (como um sedutor profissional), imóvel, impetuoso, paciente: quando quer algo, faz de tudo pra conseguir, continua, continua, continua, até chegar em seu objetivo. Seus donos poderiam ser assim, não?

A mulher queria a salsa (ela reclamava silenciosamente por eles sempre terem adiado essa noite), mas o cansaço estava maior. Era preciso um homem para ajudar a quebrá-lo e injetar ânimo em suas veias. Um homem para abri-la às possibilidades da noite que ela mesma sempre quis.

Seu namorado muitas vezes não é esse homem. Ele a respeita, ele sabe como ela fica quando está cansada, ele aceita, tem a certeza de que a relação vai continuar, semana que vem eles vão, tem o cinema amanhã, é só chegar e beijar, ela é sua namorada quase noiva, a data do casamento só depende daquele padre, ele já comprou o anel, sexo garantido, vão assinar papéis, é sua mulher, sempre disponível, só ligar. Não sabe mais o significado de urgência. Ele não é seu amante.

Por isso às vezes penso que toda namorada eventualmente deveria se fazer de difícil, caso contrário o cara vai acabar exercitando suas habilidades de sedutor com outras. Ou pior: vai perdê-las.

O tesão masculino não é exatamente o sexo, mas a sensação de romper, ultrapassar, superar barreiras, limites, obstáculos, desafios. Hímen, manha feminina, mistérios do universo, oscilação das ações, confusões da mente, segredos do empreendedorismo, recordes dos esportes… É isso o que nos move. Quer conquistar um homem? Deixe um problema na mão dele. É assim que empresas conseguem ter homens ao redor por mais de 8 horas diárias, é assim que mulheres conseguem um pai para seus filhos.