segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Em que caixa você guardou a sua saudade?


O curioso do quarto é que ele é o lugar da casa que mais guarda segredos e histórias não visíveis a qualquer um. A gente abre a gaveta e joga um amor, pega um cabide e coloca uma morena de olhos verdes pendurada naquela marca de batom no colarinho, a gente abre uma caixa e revive umas cenas que a gente nem lembrava mais.Você encontra rostos conhecidos e alguns que se perderam por aí faz tempo. O coração aperta, não aperta? São letras de mãos que contam mais que histórias: contam quem você é, foi ou deixou de ser de alguma forma. A composição do meu guarda-roupa é meio que assim: passado, presente, futuro e o que eu nunca vou deixar de esquecer.
A parte divertida de deitar no divã do quarto é que você se analisa sem precisar de um desconhecido qualquer cobrando uma fortuna por uma hora de desabafo. No fundo, a gente só quer ser ouvido e não há ninguém melhor do que todos os personagens que a gente já foi um dia pra ouvir a gente.Todo novo ciclo pede uma entrada e uma renúncia. E a gente renuncia todo dia, toda hora, todo momento. Não só para ciclos longos, mas pra quando a gente acorda e vai dormir. A gente abre mão do sofá porque tem que trabalhar e da TV à noite porque o corpo pede calma.