Eu abro mão de você de uma forma carinhosa até. Você me afaga e eu mato
esse amor que você sente porque você nunca vai poder contar comigo
direito. Não sei se é insegurança ou se é só coisa de homem com alma de
menino. Não sei se vou ou fico, não sei se te mantenho por perto sabendo
que posso te fazer sofrer ou se te faço sofrer por não te manter por
perto. De um jeito ou do outro eu sou errado demais pra que você possa
acreditar que te amo. Incoerente e sem nexo nenhum. Sem discussões. Mas é
triste ver o brilho dos teus olhos quando a gente finalmente se
reencontra depois de eu te ligar às duas da manhã pra dizer que tô
chegando.
Dessa vez o táxi tem destino apenas de ida. Você tomou coragem e
mostrou que a menina dos seus olhos decidiu tirar umas férias e deixar
uma mulher decidida no lugar. Enfurecida, machucada e completamente
certa do que quer. Você resolveu ir embora de vez e se despedir da minha
covardia. Justo. Também não gosto de gente indecisa que diz que ama e
faz completamente o contrário. Meu jeito errado demais de amar podia ter
matado nós dois. E espero que esse cara que você vai achar em algum
lugar do mundo possa ter a sorte de te encontrar com o coração aberto e
pronta pra outra. Eu sei que fiz um baita rombo e que merecia ser
chamado de filho da puta pelo resto da vida. Mas é melhor assim. E você
pode me fazer um baita de um favor, hein. Se algum dia te perguntarem
que gosto é esse de sentimento morto nos teus lábios (esse gosto de
saudades, arrependimento e decisão), você pode responder: “Simples: o
meu grande amor me matou uma vez. Aceitar o novo amor que me abraça é
uma chance de voltar a viver”.
E que ele aceite o desafio de te trazer de volta à vida. Espero que
você possa confiar quando o seu novo amor for puxar a cadeira. Não, ele
não está abrindo a porta desse táxi para te deixar ir embora de vez.
Não, ele não está abrindo mão de você pra sempre por algum medo estúpido
que nem ele mesmo sabe explicar. Não, ele está sendo gentil. Mais
gentil do que eu um dia poderia ter sido ao te prometer um abraço.
Daniel B