domingo, 9 de dezembro de 2018

Jogo!

Não gosto de jogos, sabe? Costumo perguntar se a pessoa tá interessada, se ela deixou de se interessar, se eu ainda perco algum tempo com ela ou sigo a minha vida. Costumo deixar claro o convite, seja ele para vir dormir comigo ou para se retirar. Não dou meias respostas: me expresso. Digo com palavras, com frases diretas que não têm segundas intenções, mas têm primeiras. “Quero te ver, pô”, “Você me encanta’, “Acho que estou me apaixonando”, “Não me machuca, por favor”, “Eu não tô vendo ninguém”, “Acho que essa música combina com você”, “Lembrei de você ontem”, “Será que rola da gente se ver?” etc e tal. E também não aceito mais meias respostas. Sabe por quê?
Porque essa mania de esconder o que se sente tá matando os nossos relacionamentos. Tanta oportunidade bonita de ver broto florescendo e a galera chega tacando areia em cima da plantação. Escolhem viver num toma-lá-dá-cá cheio de estratégia que cansa pra cacete, convenhamos. E nesse ping-pong da vida, uma hora alguém cansa de jogar. Sabe o que acontece quando um deles sai de campo? O jogo acabou sem nenhum vencedor. Sobra só alguém que insistiu muito em se esconder sozinho na sala.
O problema não é o sentimento ou a falta dele. Essas coisas acontecem, ter interesse é essencial. O problema é o discurso do sujeito que não consegue ser sincero e dizer o que sente, mesmo que sinta nada. E a gente já gasta oito horas por dia trabalhando, tem que dormir mais oito horas, e as horas que sobram no intervalo entre essas são as raras que temos para viver. Viver vai muito além de gastar tempo com gente pouco esclarecida, que ainda não entendeu que não precisa de manual e técnica de sedução furada pra conquistar alguém.