quinta-feira, 31 de maio de 2012

Todos fingimos.

O poeta é um fingidor.Finge tão completamente.Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.E os que lêem o que escreve,Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,Mas só a que eles não têm.E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,Esse comboio de corda.Que se chama coração.
Sou uma pessoa ruim.
Não falo isso pra angariar elogios. Tento ser bom justamente por ter a enorme consciência de ser muito, muito ruim.
Além dos defeitos cotidianos corriqueiros, eu sou (em ordem alfabética) arrogante, distante, egocêntrico, egoísta, elitista, frio, insensível, preguiçoso, soberbo, vaidoso. Em último grau. Profissionalmente.
Se qualquer uma dessas coisas desse dinheiro, eu poderia viver disso.
O melhor conselho que eu já recebi na vida:
Que eu não precisava SER uma pessoa boa: bastava FINGIR QUE ERA.
Então, passo o dia fingindo.
Finjo que meu ego não é enorme. Finjo que não estou só interessado em mim, MIM, MIM! Finjo interesse sincero nos problemas das pessoas. Finjo que estou ouvindo o que dizem.
Para o fingimento ser mais persuasivo, decoro suas palavras e repito para elas em momentos-chave da conversa ou então faço referência a essas palavras semanas depois. Muitas vezes, no meu preciosismo fingido, empresto meu ombro para que chorem e dou guarida na minha casa, recomendo para empregos e carrego suas mudanças. Tudo fingimento.
Como as pessoas são ingênuas, engolem tudo. Minha reputação (completamente falsa) aumenta e, para mantê-la, sou forçado a fingir ainda mais que sou um homem bom e cheio de empatia.
Pior, escrevo textos flagrantemente mentirosos, que pintam uma auto-imagem totalmente desprendida da realidade.
Mas as pessoas querem tanto mas tanto acreditar na bondade do próximo que não vão levar fé nem mesmo nesse texto aqui, tão confessional e pela primeira vez sincero, vão considerar metáfora ou algo assim, e vão continuar me lendo, me admirando e tentando também ser boas pessoas.
Talvez até consigam. Talvez até sejam realmente boas. Se é que isso existe.
...
Eu não quero ser essa pessoa. Eu não sou essa pessoa. Eu não sou essa pessoa porque eu não quero ser essa pessoa. Eu não sou essa pessoa porque 99,99% de tudo o que acontece no universo (provavelmente mais) está fora do meu controle, mas eu pelo menos ainda tenho controle sobre algumas coisas: eu é que decido se eu vou ser a pessoa babaca e cri cri.
Poucos conselhos são mais canalhas do que o clássico “seja você mesmo”. A maioria dos problemas do mundo veio de gente que estava simplesmente sendo si próprio. Mais importante do que “ser você mesmo” é ser quem você quer ser. Todas as forças do universo nos impelem a nos conformarmos, a aceitarmos as regras do mundo, a cedermos, nos moldarmos. Ser a pessoa que você quer ser é uma das tarefas mais difíceis do mundo. É uma luta diária, surda, interna, contra seus próprios preconceitos, suas mesquinharias, seus egoísmos.
Quer ser menos invejoso, menos ciumento, menos egoísta? Então, seja.
Ser quem você quer ser é o mínimo que deve a si mesmo. Se você não é nem isso, então você não é nada.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Amores Platônicos


Aposto que você nunca se apaixonou platonicamente pelo mendigo maluco do seu bairro (daqueles que você mal vê a unha do pé de tão suja). Os amores platônicos tem sempre um alvo predileto: a pessoa fodona que você cruzou algumas vezes na vida e ficou babando que nem fã do Luan Santana.

Conheço muita gente que vive se lamentando sobre não conseguir fazer a outra se apaixonar por ela. Ficam alimentando um amor platônico por muito tempo e se relacionamento com uma pessoa fantasma em sua imaginação. Normalmente elas miram aquela pessoa extremamente desejada por todos e que parece a mais bonita, interessante, inteligente, estável financeiramente e bem articulada no jeito de agir com os outros. Depois fica dias, semanas e meses numa masturbação emocional sem fim, vasculhando o Facebook, procurando o nome no Google, perguntando dele para qualquer contato direto ou indireto que o conheça. E pior ainda: tem gente louca que gosta de sentir isso preferencialmente por pessoas comprometidas ou artistas inacessíveis, tipo Kauã Raymond . Daquele tipo que fica se imaginando no lugar da Grazzi Massafera ou simplesmente odiando ela. É pedir para sofrer alimentar esperanças com alguém que não está na sua. Prato cheio para quem tem receio de encarar um relacionamento de verdade, olho no olho.

Agora pense com calma. Repare que não pensou no mendigo amigo e sim no cara fodão por pura vaidade e desejo de ser lançada ao patamar dele. Esse é o começo mais perigoso para uma relação – você já espera de mais e oferece de menos. Até se um milagre acontecesse você não ia segurar as pontas, pois sua base é frágil e a decepção seria certa, para os dois lados. Então, se você quer sair dessa armadilha emocional tem duas alternativas:

Primeira, abaixe a bola e seja sensata. Quando nos apaixonamos por alguém sempre é por aquilo que ela acrescenta em nossa vida e os sonhos que ela pode realizar. Isso é tipicamente egocêntrico, portanto seria mais generoso você se perguntar: “o que eu tenho a oferecer para essa pessoa que eu acho tão maravilhosa?”.

Se o fodão X desse bola para você, qual o impacto que teria no mundo dele?

Você ia segurar a barra ou ia infernizar a vida do cara por se sentir inferior na relação?

Você tem elementos pessoais que ficariam confortavelmente compatíveis com as expectativas altas que vê nele?

Qual experiência de vida tem a compartilhar que seja realmente interessante dentro no mundo dele?

Se você não sabe responder com convicção nenhuma dessas perguntas é um mau sinal. Sua vida precisa de cuidados. Talvez seria interessante olhar para o lado e ver aquele cara que está mais compatível ao seu mundo e com quem realmente possa trocar em pé de igualdade já que caiu na real que não é nenhuma perfeição.

Mas se isso parece pouco para você resta a segunda alternativa. Tenha uma vida significativa a tal ponto que o surgimento de um amor ao seu lado seja consequência natural de estar se movimentando pelo mundo. Se quer viver uma experiência espetacular não adianta esperar sentada em frente ao computador lambendo o avatar do Facebook dele.

O que faz uma pessoa se apaixonar por você é mais simples do que imagina. O amor começa e é realimentado na admiração. O que você faz de admirável aos seus olhos e que causa bem estar à sua volta? Se nem você gosta de olhar para sua vida e seu cotidiano, por que acha que outra pessoa seria obrigada a gostar? O fato de você se apaixonar por alguém é o único motivo pelo qual essa pessoa deveria retribuir o seu sentimento?

É preciso parar um pouco de olhar para fora e voltar seu olhar para dentro. Invista em você, amplie seus horizontes. Isso vai custar algum tempo, esforço, dedicação, dinheiro, mas no resultado final, será uma pessoa mais realizada. A melhor maneira de incitar o amor de alguém por você é se tornar uma pessoa realmente INSPIRADORA – só assim poderá viver o prazer de um amor real, em vez de um de faz de conta. Afinal, Cartola mesmo já dizia: olhar, gostar, só de longe, não faz ninguém chegar perto.


Frederico M

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Misantropia

Se procurarmos por Misantropia no Google muita coisa a respeito iremos encontrar. Principalmente pessoas alegando que são misantropas ou pedindo informações sobre sintomas para saberem se de fato são misantropas. No entanto, misantropia é uma doença ou apenas uma forma de se encarar a vida e o convívio social?

E o mesmo tem acontecido com a misantropia. Assim como muitos a encaram como doença, outros tantos a levam como estilo de vida. Ainda segundo Lane, no século 19 os misantropos eram pessoas valorizadas por serem críticas. A própria FOLHA ao indagá-lo sobre misantropia não se refere a ela como uma doença.

O que ocorre é que querer ficar “na sua” passou a ser um comportamento tão incomum que qualquer pessoa que por algum momento queira se isolar, passa a ser classificada ou a se auto-classificar misantropa. E como muitos comportamentos antes banais tornaram-se síndromes e transtornos, a misantropia anda pelo mesmo caminho. Em contrapartida, nessa internet há muita glamourização em se denominar misantropo. Talvez seja resquício do século 19. Ou seja, ao mesmo tempo que é vista como doença, é vista como característica essencial na personalidade de alguém. Com isso, pode-se afirmar que misantropia não é doença e também não é estilo de vida (apesar de muitos enxergarem dessa forma) De forma concisa, misantropia é vista por muitos como estilo de vida por sua popularização e glamourização, mas misantropia nada mais é que uma forma covarde de enfrentar a vida e um meio de se reconhecer como melhor, superior.

domingo, 13 de maio de 2012

Mulher Esperta ,É Aquela Que Sabe Sentir Prazer Sozinha


O clitóris não foi posicionado nesse local estratégico do corpo feminino à toa… Enjoy it!

Desde pequenos os homens são incentivados a explorar a sua sexualidade. Quando ainda bebês, naquela fase em que começam a descobrir o corpo e o seu novo “amigo”, sempre tem um pai ou tio babão pra falar: “Olha esse é meu filho! Já tá brincando com o pingulinzinho dele!”. Eles vão crescendo e têm todo um mercado erótico de revistas, lubrificantes e vídeos pornôs a suas mãos. Têm também sempre um primo que lhe dá dicas de como se divertir no cinco contra um, e promete que vai levá-lo no puteiro quando ele tiver com mais idade. Os meninos descobrem a masturbação cedo porque têm todo um contexto familiar e social a sua volta extremamente incentivador. Com as meninas o assunto é bem diferente.

Garotas crescem ouvindo que é para elas se sentarem “que nem mocinha”, com as pernas cruzadas e que uma menina que é “pra casar” não deve ficar com vários caras, nunca pode ser “fácil” e tem que se valorizar, se não vira uma “qualquer”. Vestígios de uma educação religiosa, que prega a virgindade, que tenta dominar a sociedade através do controle dos seus prazeres. Essa educação machista impregnou os costumes sociais, e consequentemente, colaborou para reprimir sexualmente a mulher. Apesar da revolução sexual e da emancipação da mulher, ainda vemos vestígios dessa repressão sexual na nossa sociedade. E é por isso que a masturbação feminina ainda é um tabu. Não somos preparadas para descobrir a nossa sexualidade igual acontece com os meninos. Isso explica porque ainda é grande o número de mulheres que não sabem como sentir prazer ao se tocar.

A masturbação é um ato inerente à natureza feminina. O teu clitóris existe com a única e exclusiva função de te dar prazer. Sim, ele não tem nenhuma serventia para reprodução, nem é usado para urinar, como acontece com o pênis. A sua única finalidade é fornecer o prazer feminino – e apesar disso ainda tem muito homem que não sabe muito bem onde ele se localiza, diga-se de passagem! Mas mesmo assim, mesmo sendo portadoras desse botãozinho mágico, ainda têm muita mulher que não se masturba. Algumas até tentam, mas não sentem prazer ao se tocar. Isso acontece, principalmente, porque as mulheres não conhecem o próprio corpo, pois não sabem lidar com a masturbação e vêm isso como algo inapropriado.

E isso tudo acontece quando, na verdade, a masturbação deveria ser vista como algo natural, um momento de autoconhecimento, uma prática necessária ao desenvolvimento da sexualidade. Somente conhecendo cada mínimo detalhe do seu corpo é que você vai poder apresentá-lo ao seu parceiro. Somente aprendendo o caminho que te dá prazer é que você vai conseguir gozar – acompanhada ou sozinha. Vejo muita mulher que não consegue gozar e acaba depositando a responsabilidade no parceiro, ou muito cara que se culpa porque não consegue levar a parceira ao orgasmo, mas péra aí: como o seu parceiro vai achar o caminho sozinho se você não o guiar? Tem muito cara que não sabe como masturbar uma mulher, mas aí cabe a você ensiná-lo.

Para mim, quem diz que não sente prazer ao se tocar é porque ainda não encontrou o caminho certo. E é por isso que eu defendo a ideia de que o vibrador deveria ser um item obrigatório em todo o criado-mudo feminino. Apoio totalmente as adeptas do I touch myself.

Laís Montagnana

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Não acredite em uma mulher depois do orgasmo


Estudo recente publicado pelo IPPS (Insituto Paulista de Pesquisas sobre Sexualidade) adverte que nos minutos que sucedem o orgasmo feminino a mulher entra em estado de confusão mental gerado pela elevada descarga de dopamina que o cérebro vive durante o clímax sexual.

Alterações significativas na geração de dopamina geram a sintomatologia da esquizofrenia (ainda que temporária). Este distúrbio mental é caracterizado essencialmente por uma fragmentação da estrutura básica dos processos de pensamento, acompanhada pela dificuldade em estabelecer a distinção entre experiências internas e externas. Entre o real e a imaginação.

Durante o período pós-orgasmático a mulher tem o super-ego (estrutura mental guardiã dos códigos morais) ‘afrouxado’. Em estado de relaxamento moral a mulher tende a tecer elogios, fazer planos de futuro ou até mesmo superdimensionar a importância do parceiro em sua vida afetiva/sexual.

É recomendável aos homens (ou até mesmo mulheres em caso de relacionamentos homossexuais) a não levarem em consideração as palavras ditas durante o período pós-orgasmático feminino, que de maneira geral dura entre 7 e 23 minutos. O IPPS adverte as mulheres a não realizarem transações financeiras e/ou patrimoniais imediatamente após relacionamentos sexuais.

FONTE: Revista Superinteressante

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Acabou!


"Qualquer coisa que uma mulher faça que não seja sumir, não vale", me disse o advogado André Galvão. "É um saco ter que dizer que não dá mais. Nem sempre elas aceitam sua decisão. Então, prefiro ir me afastando e ver se ela desencana, se me esquece." Sim, nós sabemos que vocês preferem que a gente caia no buraco do metrô ou que seja abduzida por um ET. Mas se vocês conseguem dar conta de ir à luta e usar todos os controles remotos, sem ler os manuais, não deveria ser tão difícil dizer com todas as letras: deu!

Dá trabalho? Claro! Talvez você tenha que se esforçar mais para mandá-la passear do que quando queria levá-la para a cama. E ainda tenha que agüentar todos os chororôs, as chantagens e ficar com a pecha de filho-da-p... "Os homens têm dificuldade de terminar qualquer relacionamento porque têm a intuitiva certeza de que vão ser considerados uns filhos de mães de passado duvidoso. E temem isso. E têm razão. Nunca vi uma mulher que dissesse 'Ele teve todos os motivos para romper '", diz o psicanalista Francisco Daudt, autor de O Amor Companheiro (Ed. Sextante, 160 págs.). A dura realidade é que ninguém que toma um pé na bunda vai admitir que o outro tinha razões para fazer isso. Mesmo que sua garota o tenha traído ou que vivesse em TPM 365 dias por ano, ela não vai ficar feliz se você cair fora. Então, meu caro, com ou sem motivos claros, se você não está feliz, dê um basta a essa situação sem ficar enrolando.


"É inconsciente, mas acontece. Para o homem interessa ter um relacionamento sem compromisso. Tudo o que tem a perder é um monte de espermatozóides", analisa o psicólogo Ailton Amélio da Silva, autor do livro Para Viver Um Grande Amor (Ed. Gente, 168 págs.). Por isso ele topa ficar com uma mulher que no fundo não namoraria nem casaria. E ele sabe disso o tempo todo. Levar de qualquer jeito é mais cômodo do que terminar. "Você talvez ouça que não é pelo fato de ter se separado, mas pela forma como se separou. Não se iluda. O problema dela é com o fato. Não há boa saída, pode desistir. Só existe saída, e ponto", diz Daudt. Então se quer diminuir as chances de ser mal classificado, tente fazer a coisa de forma simples. Não suma e não invente desculpas. Vá direto ao ponto. E anote aí: além dos espermatozóides, você está perdendo tempo e a possibilidade de encontrar alguém para ser feliz.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Do gosto de ser quem sou…


Gosto de me sentir a única responsável pelas minhas frustrações. Isso me dá a sensação de que se, da próxima vez eu acertar, poderei evitá-las.

Gosto do frio na barriga do primeiro encontro… Da dramaticidade cômica das gafes e do nervosismo…

Gosto do olhar direto, porém, acanhado. Do beijo tímido, porém, intenso…

Do desejo carnal se transformando em tudo o mais. Do despertar dos sentidos, das vontades, sentimentos.

Gosto do meu direito de viver como me cabe… De mudar quando me interessa… De pensar quando me importa…

Gosto de ser quem sou, mas com o prazer imensurável de mudar quando considero necessário e me considero capaz…

Gosto até da rispidez que a sinceridade conota, porque dela é que se faz acordar para evoluir…

Gosto ser humana, do sentir, de entender e de ser capaz de me importar o suficiente com as pessoas para não me dar ao luxo de fazê-las achar que em algum momento elas serão mais importantes que a mim mesma na minha vida…

Gosto também da desaobrigação do sentir… Da vontade genuína, da delícia do estar e não de ser..

Gosto do sabor das coisas sem que precisemos que elas nos possuam para serem apreciadas. Da beleza, do contemplar, do toque, do cuidado, da verdade…

Gosto de cultivar em mim a vontade de ser cada dia melhor do que eu mesma, sem precisar disputar com mais ninguém. Sem ter que despertar compaixão nas pessoas e gosto de saber que em algum momento da vida, fiz a diferença, ainda que hoje isso não valha nada…

Gosto de amar sem esperar amor em troca, de me desafiar à uma força sobre-humana de entender que as pessoas se desfazem do que sentem à medida em que não podem lidar com isso e de ser capaz de lidar com tais lembranças sem sentir dor, só sorrir novamente, com saudades mais sem a pretensão de querer de volta…

Gosto quando me permito respirar lembranças… Quando sinto de cada um, o cheiro que me deixou num abraço, ou o tom de voz carinhoso ao se despedir, ou o beijo dado na testa como sinal de respeito ou, ainda, os sorrisos sem motivo ou porque, dados em meio ao caminhar despretensioso pelas ruas…

Gosto de lembrar que, mesmo com tantas adversidades da vida, ainda sou capaz de guardar o melhor de cada um e de ser capaz de ser feliz por terem se ido para o que lhes faz sentir melhor…

E de saber que ainda que jamais se lembrem de mim, eu já lhes fiz sorrir…

E se há algo que não gosto? Da minha incapacidade em lidar com as situações as quais eu sei como deveria agir.

Da minha intolerância cega às tentativas de me limitarem ou de me definirem…

Só queria poder viver como acho certo, mesmo fazendo errado e tentando acertar. Só queria poder não ter que me explicar sempre, porque todos cometem tantos ou mais erros que eu… E nem por isso me presto a cobrar-lhes explicações… Mas esta é minha deficiência. Lidar com isso. Devo me esforçar para melhorar… Esta é minha sina.

@DraDoAmor

terça-feira, 1 de maio de 2012

A Mulher dos Meus Sonhos Não Existe, Ainda Bem


Não consigo lembrar-me de tudo com a riqueza de detalhes que gostaria, mas todas as sensações vividas parecem ter sido orgásmicas. O rosto dela era uma mistura dos meus anseios diários com o sorriso safado de minhas musas do cinema, sempre com certa imprecisão de traços e expressões metamórficas. Aquela mulher mudava de face a cada segundo e mesmo sem saber com quem estava naquela cama quilométrica, sentia algo real – era como se estivesse esperando por tanta intensidade desde o dia que comecei a entender a função simbólica do meu coração. Ela tinha cabelos tão longos quanto meu tesão permitia e mexia-se como quem não conhece os limites físicos do próprio corpo, beijando-me enquanto eu tentava entendê-la, decifrá-la ou ao menos nomeá-la, mas infelizmente um rugir do cotidiano a tirou dos meus braços bruscamente, o toque do meu despertador a desfigurou em mil partículas de nada, agora só presentes em minha memória e perpetuadas nesse texto sobre o risco de apaixonar-se desesperadamente por alguém que nunca existiu – ou melhor, pela ilusória e contaminadora sensação de perfeição que só os sonhos carregam, gerando minutos de silêncio e desespero logo após abrirmos os olhos e ainda na cama percebermos que tudo não foi real e talvez nunca será.

As horas que sucederam minha despedida abrupta daquele ser utópico foram regadas com silêncio total e cabeça nas nuvens, ou melhor, nas curvas daquela incógnita. Tomei café quieto, derrubei açúcar na toalha de mesa, viajei num banho mais demorado que o habitual e já no caminho do trabalho quase bati no carro da frente. Não conseguia descobrir porque desejava tanto voltar ao mesmo sonho, na verdade até identifiquei algumas coisas familiares naquele corpo e com muito esforço lembrei que ela tinha as coxas grossas da minha professora de musculação, o tom suave de voz daquela ex-namorada pela qual fui embriagadamente quase noivo e os olhos claros da Megan Fox, mas quem era ela?

Depois de muito pensar, sempre sozinho e com vergonha de contar a alguém essa sensação de amor platônico misturado à vontade adolescente, descobri que aquela mulher invisível era um sintoma claro e cruel das falsas expectativas que a sociedade me ensinou a ter. Um estilhaço doloroso dos meus 26 anos assistindo comédias românticas de final inevitavelmente feliz, comerciais de margarina de céu sempre azul e lendo artigos de revistas masculinas sobre a suposta existência de uma mulher ideal, aliás, ideal pra quem? Já que cada ser humano nesse imenso universo possui necessidades e desejos totalmente diferentes.

A mulher dos meus sonhos era apenas uma expressão surrealista e exacerbada da minha busca diária e incansável pela Monalisa em meio à maravilhosa e imperfeita multidão da metrópole. Nesse dia percebi que aquilo não era apenas um sonho e que eu estava sofrendo os sintomas do meu excesso de perfeccionismo pós-traumático advindo dos tantos machucados naturais e feridas que a vida normal deixa. Descobri que estava com medo de enfrentar as imperfeições do mundo e que preferia correr atrás do inalcançável para evitar os riscos eminentes dos prazeres reais.

Essa noite irreal regada por uma relação supostamente perfeita com uma desconhecida, me fez chegar a uma conclusão – a perfeição é, felizmente, algo inatingível. A beleza se dá através de uma junção de qualidades com defeitos, aqueles mesmos que mais pra frente, podem se revelar como o berço das melhores qualidades do outro. Comecei então a reconhecer a beleza das falhas. Parei de procurar os pequenos defeitos nas mulheres que entravam na minha vida e, só assim, pude enxergar as tantas qualidades alheias para as quais estava cego. Estava realmente cansado de alimentar-me de utopias deliciosas e não sentir gosto de nada.

Hoje aprecio o humano e até um lindo “foda-se” dito em voz alta pela mulher com raiva. Admiro as imperfeições da bunda quando estas vem acompanhadas de ótimas conversas de bar. Aceito e entendo o tempo que perdi esperando elas arrumarem o cabelo e experimentarem os tantos vestidos parecidos jogados em cima da cama. Hoje não as comparo mais com capas de Playboy e amo quando elas deixam a luz do quarto acesa, para que eu possa ver o quanto elas são humanas e reais. Aprendi que os defeitos são como beliscões, capazes de provar que estamos ao lado de mulheres verdadeiras e não dentro de sonhos que se autodestruirão em cinco segundos.

Rasgue agora a folha na qual você colou recortes e montou aos poucos a imagem de um par ideal, esqueça o Fábio Jr. e as metades da laranja, jogue tudo isso no lixo mais próximo, corra para rua, e daí que está chovendo? Surpreenda-se e usufrua ao máximo do seu direito de viver, arriscar, errar e recomeçar tudo de novo. Deixe para sonhar com viagens no tempo e coisas ainda impossíveis de serem realizadas, quando estiver acordado aceite as regras e riscos do jogo, seja real você também.

Eu felizmente acordei de um pesadelo comum a muitos sonhadores e graças a essa rapidinha sem gozo, dada com uma desconhecida, passei a dormir menos na minha própria cama e a sonhar com coisas realmente possíveis, e você? Continuará alimentando-se de idealizações inatingíveis? Ou vai acordar e enfim saborear o risco bom de ser feliz?

Ricardo Coiro

Todo Homem É Aquilo Que Pensa E Come – Literalmente


A maioria de nós vive uma grande parte do tempo com os olhos vendados. Há certas verdades que não queremos – ou talvez não podemos – enxergar, o que faz com que vivamos num mundo de realidade inventada. E talvez por medo de alcançar a tão desejada felicidade, boicotamos a nossa caminhada, para que o destino final nunca realmente chegue. Tive essa conclusão ao pensar na quantidade de pessoas que afirmam buscar alguém legal de verdade pra viver um relacionamento, mas fazem tudo errado – se aproximam das pessoas erradas, vão aos lugares errados, tomam atitudes erradas. E acredito que a única razão que justifique isso, seja a falta de coragem de realmente poder bater no peito e dizer que se é feliz.

Tanto mulheres, quanto os homens, gastam tempo e energia demais com coisas que não importam no final das contas. Tem mulher que gasta horas na academia, fortunas com lingeries, horas preciosas no salão semanalmente pra deixar unha, cabelo e depilação em dia. Nada de errado nisso – amamos a feminilidade tão importante nas mulheres. O erro está em achar que esse tipo de coisa vai fazer com que ela encante e se aproxime de um homem legal. O que ela talvez não esteja querendo ver, é que todas as mulheres podem fazer esse tipo de coisa. Ter um corpo malhado, cabelos sedosos, unhas bem feitas é só uma questão de tempo – qualquer pessoa que quiser, consegue com um pouco de tempo e dinheiro. Ou seja, as mulheres se nivelam e ficam todas iguais – lindas, gostosas, delicadas. O que era pra ser algo especial, se torna efêmero, diante de tantas réplicas. Não é à toa que volta e meia nos surpreendemos ao constatar que aquela mulher, mais interessante do que vaidosa, tem um relacionamento feliz com um cara muito legal, ao passo que as outras, lindas e impecáveis, lamentam ao perceber que se tornaram apenas mais uma no meio de tantas outras – entediantemente iguais e nada surpreendentes.

No caso dos homens, os que não dão conta de lidar com a felicidade, boicotam-na mentindo para si mesmo que um carro legal ou um par de bíceps definidos vão fazer com que ele encontre uma mulher parceira. E então, eles se matam de trabalhar pra ter o carro do ano, esgotam seus músculos levantando o máximo de peso que conseguem e se orgulham de conseguir dar 3 numa noite só. Só que eles não enxergam – ou se recusam a enxergar – que esse não é o caminho. Assim como as mulheres citadas acima, esse tipo de homem se iguala a todos os outros que pensam da mesma forma, resultando numa legião de caras cheios de músculos, mas com a cabeça vazia. Todo aquele esforço dedicado no processo de se tornar atraente para as mulheres, acaba tendo efeito contrário – as mulheres interessantes logo sacam que se trata de mais um – ótimos para um fodida pontual, mas totalmente dispensáveis depois de algumas gozadas.

Só que as pessoas não falam disso. Todo mundo tenta te convencer que o de fora conta mais do que o de dentro, porque seres que não pensam são mais facilmente manipuláveis. É muito mais fácil controlar uma pessoa que tem como meta de vida um carrão, do que controlar aquela que pensa e se questiona. E como os semelhantes se atraem, seres vazios seguem se encontrando e multiplicando os buracos ocos de dentro de seus seres. Os que têm sorte de ter um clique a tempo, se desesperam ao perceber quanto tempo desperdiçaram com coisas insignificantes. Menos mal, já que todo mundo tem o direito de se arrepender. Duro são aqueles que passam a vida toda sem a coragem de fazer um movimento simples – tirar a venda dos olhos. Esses são aqueles que saem espalhando para os quatro ventos que não acreditam no amor, que relacionamentos só servem pra trazer dor de cabeça, que não existem mais pessoas que prestam no mundo. E aí fica aquela pergunta mais incômoda do que um furúnculo na nádega – o problema é você, ou todo o resto do mundo?

casalsemvergonha