domingo, 26 de abril de 2015

Porque a rejeição dói tanto


Por que sofremos tanto ao terminar um relacionamento ou ser despedidas de um trabalho?

Resposta: ego, narcisismo, vaidade, apego.

Relacionamento e trabalho são algumas das principais maneiras de criarmos identidades.
Não somos nunca apenas o "Paulo" ou a "Joana". Somos o "Paulo da Maria Teresa". Somos a "Joana da Petrobrás". 
Essas identidades nos dão apoio, respaldo, contexto social. Ajudam a sufocar um pouco o vazio existencial que nos oprime.
Por isso, ser rejeitado pela Maria Teresa ou despedida da Petrobrás dói tanto.
Porque não é só um relacionamento ou um emprego que se vai. 
Perdemos também aquela personagem que investimos tanto esforço em criar, cultivar, consolidar. 
E nem mesmo a certeza de que em breve estaremos em outro relacionamento, em outro emprego, serve para mitigar um pouco desse enorme luto narcísico pelo falecimento de mais uma de nossas tantas identidades.
Nunca mais seremos o "Paulo da Maria Teresa". Nunca mais seremos a "Joana da Petrobrás".
Apesar de tanto trabalho, somos de novo só o "Paulo", só a "Joana", pequenas e solitárias primatas, vivendo suas vidas sem sentido na superfície de uma bola de pedra girando em torno de si mesma e se deslocando em círculos pela vastidão vazia do espaço.
A intensidade da nossa dor é diretamente proporcional à intensidade de nossa fé na existência concreta dessas identidades ficcionais que inventamos.
É tudo ego, é tudo apego, é tudo vaidade, é tudo narcisismo.
Acreditamos que, do lado de cá dessa camada de pele, existe o eu, minha identidade, minha reputação, coisas que podem ser protegidas e preservadas; e, do lado de lá dessa camada de pele, existe o universo, as outras pessoas, os passarinhos, os meteoros.
Mas é tudo ilusão. Uma ilusão insustentável. Uma ilusão que nos causa imensa dor sempre que se desfaz, desaba, despenca, desaparece.
Não existe eu aqui e o universo ali. Só existe o universo.

Alex C